“Nem tudo que é torto é errado. Veja as pernas do Garrincha (as curvas da arquitetura de Brasília) e as árvores do cerrado”.
Por Marco Veronese
Com a citação do belo poema de Nicolas Behr e os meus parênteses sobre a arquitetura de Brasília, tentarei expor alguns argumentos básicos do porquê da criação de uma universidade pública para o Distrito Federal.
O primeiro argumento é por si só inquestionável: cerca de 75% dos estudantes de nível superior do DF estão em instituições privadas. Os 48 mil estudantes da UnB representam menos de 25% dos matriculados no ensino superior por aqui.
O segundo argumento é óbvio: quase todas as Unidades Federativas possuem universidades estaduais.
Brasília está criando a sua universidade com critérios absolutamente representativos das necessidades de uma Unidade Federada, que tem a função de gerir o País, a si própria e de garantir a qualidade de vida dos seus cidadãos em questões como saúde e preservação ambiental.
O foco inicial em ofertar cursos de gestão e segurança, cursos na área da saúde e cursos na área de preservação e produção de saberes do cerrado mostra com clareza a lucidez da proposta em lide: são necessidades prementes que afetam a todos nós de Brasília.
No tocante ao bioma cerrado, Brasília é a principal das poucas cordas de salvação com que ele pode contar. O cerrado sempre foi visto como uma fonte de produção agropecuária, mas a população de Brasília o enxerga com outros olhares, com o sentimento do viver a sua beleza, seus perfumes e sabores. De contemplá-lo todos os dias da vida.
Portanto, preservar o cerrado, coletar, sistematizar e produzir seus saberes, transformá-lo em ciência, para além da maravilhosa beleza contemplativa que ele nos reserva, são obrigações de todos os brasilienses e candangos que aqui vivem e amam esta cidade nos seus sessenta anos.
Para se ter uma ideia da presença do cerrado na história da Brasília aniversariante, Lúcio Costa, na década de cinquenta, previu e reservou um espaço de 5 mil hectares do atual Jardim Botânico de Brasília. Posteriormente, em 1977, um grupo de trabalho composto à época por cientistas, intelectuais e dirigentes, depois de um longo e fundamentado trabalho, produziu o documento que se transformou na lei da criação do maior jardim botânico do mundo.
As frases iniciais do documento que cria o JBB mostram a importância do cerrado para Brasília: “Pesquisa e ciência não se fazem por imperativo de ordem, mas se estabelecem, e se ampliam, na proporção em que aumenta o lastro cultural do país”.
Portanto, desde a sua concepção inicial, o Jardim Botânico de Brasília – JBB já tinha a ciência e a pesquisa como uma das suas principais diretrizes e a educação ambiental como um de seus pilares, justificativas fortes pra a criação da Universidade do Distrito Federal, que terá a Escola Superior do Cerrado, situada dentro do JBB, como uma de suas Faculdades.
Brasília, mais do que nunca, merece ter a sua Universidade do Distrito Federal. É chegada a hora!
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Todas as fotografias presentes no texto foram retiradas do banco de imagens da Agência Brasília
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